Novo presidente do TST diz ver problemas em remuneração de magistrados

O ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho assumiu a presidência do Tribunal Superior do Trabalho no fim de setembro e, em entrevista à Folha de S. Paulo, destacou que a remuneração dos magistrados é a prioridade a ser tratada no Judiciário. Segundo ele, os salários ultrapassam limites de contenção e, em consequência, afetam a credibilidade, legitimidade e autoridade do poder judiciário brasileiro.



Além da crítica aos salários, o presidente do TST apontou a existência de rendas acessórias, como palestras e eventos pagos, como algo incompatível com o exercício da jurisdição. Ele ressaltou que o judiciário deve ser composto por servidores públicos e que remunerações indiretas criam conflito de interesses. Para resolver a questão, Vieira de Mello Filho defende a adoção de uma Proposta de Emenda à Constituição, complementada por incentivos pontuais em situações de difícil localização ou acumulação de varas. O papel do Conselho Nacional de Justiça e do Observatório de Integridade do Poder Judiciário, criado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, é garantir transparência e correção dos pagamentos.



No que tange à “uberização” dos regimes de trabalho, o ministro enfatizou a necessidade de uma legislação específica para proteger os trabalhadores dessa modalidade. Ele apontou o dilema atual da Justiça do Trabalho: ao julgar um acidente grave, o juiz deve escolher entre aplicar a CLT ou deixar o trabalhador sem proteção. Para evitar que o Supremo Tribunal Federal seja o responsável por definir regras sem conhecimento técnico, o ministro propõe que o Congresso crie uma lei que estabeleça uma “terceira via” entre a CLT e o regime autônomo puro. Essa nova legislação teria como foco proteções mínimas, tais como direito à desconexão sem punição, remuneração adequada, pontos de apoio, seguro e previdência que não imponha custos aos trabalhadores.



O ministro condenou a remuneração baseada em velocidade ou “gamificação”, argumentando que a prática de pagar por tempo de entrega cria um ambiente de competição perigoso. Ele também criticou o discurso de “terrorismo” das empresas de plataforma que afirmam reduzir vagas e renda se houver vínculo empregatício, defendendo que os trabalhadores devem ter a liberdade de escolher o regime que melhor lhes convém: complementar renda, viver da plataforma ou ser celetista.



Ao analisar a reforma trabalhista de 2017, Vieira de Mello Filho apontou seu caráter unilateral e os impactos em pilares sensíveis da legislação. Ele destacou a destruição dos sindicatos e a falta de capacidade econômica desses órgãos. O ministro também criticou a “pejotização extrema”, apontando que mais de cinco milhões de celetistas migraram para o regime de Pessoa Jurídica no mesmo local de trabalho. Ele descreveu essa prática como fraude, pois gera precarização e falta de amparo em caso de acidente, seja no trabalho ou fora dele, resultando em ruptura do tecido social.



Em síntese, o ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho ressalta a urgência de ajustes na remuneração dos magistrados, a necessidade de uma legislação específica para proteger trabalhadores de plataformas digitais e a importância de revisar a reforma trabalhista de 2017 para evitar a precarização e a fragilização dos sindicatos.



#judiciario #trabalhista #reforma #calacaepaiva

Novo presidente do TST diz ver problemas em remuneração de magistrados
Rannyelly Alencar Paiva 10 de novembro de 2025
Compartilhe este post
Marcadores
Nossos blogs
Arquivo
Juiz nega pedido de RJ de agricultor sem registro na Junta Comercial
Fale conosco pelo WhatsApp